A riqueza da flora medicinal brasileira
O uso das plantas medicinais acompanha a humanidade desde os seus primeiros passos na Terra. Já nas civilizações antigas, percebeu-se que certas plantas possuíam substâncias capazes de aliviar sintomas e ajudar no tratamento de doenças. Até hoje, muitas dessas espécies fazem parte do nosso dia a dia: Alecrim, cavalinha, erva-cidreira, folha de laranjeira e guaco são usadas em chás para acalmar, aliviar gripes e resfriados. Sene, macela, boldo e cancorosa ajudam em problemas do estômago e do intestino. Alho e guabiroba são aliados no controle do colesterol. Mentruz e arnica podem ajudar na rinite. Boldo e alcachofra são conhecidos por benefícios ao coração e ao fígado. Cavalinha auxilia em machucados leves. Sene também é diurético. Guaco pode melhorar a qualidade do sono. O cuidado com as plantas medicinais pode ser um grande aliado da saúde, mas é importante lembrar: cada espécie tem suas indicações, limites e riscos. Por isso, o ideal é sempre buscar informações confiáveis e, quando possível, orientação de um profissional de saúde antes de usar.
ATENÇÃO! Nem todas as plantas são seguras para uso medicinal, e algumas podem ser tóxicas ou ter efeitos prejudiciais à saúde, se utilizadas de forma incorreta. Por isso, a produção e utilização de fitoterápicos são regulados por autoridades de saúde em muitos países, inclusive no Brasil, garantindo assim a qualidade, segurança e eficácia desses produtos.
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MITO OU VERDADE?
"Se é natural, não faz mal."
MITO!
Embora o ditado popular diga que "o que é natural não faz mal" a realidade é que se recomenda o acompanhamento de um profissional da saúde durante o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, pois a automedicação é um risco, independente se é uma planta medicinal ou medicamento.
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QUAL SERIA A FORMA CORRETA DE UTILIZAR AS PLANTAS MEDICINAIS?
Abaixo listamos os principais modos de preparo com plantas medicinais retiradas do Manual de Preparações Caseiras com Plantas Medicinais do programa farmácia viva:
MODO DE PREPARAR AS PLANTAS MEDICINAIS
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CHÁ
Há várias maneiras de se preparar um chá: Por infusão: colocar água fervente sobre a erva dentro de uma vasilha, tampar e deixar de 5 a 10 minutos em repouso, coando em seguida. Este método é utilizado para folhas, flores, caules finos e para qualquer planta aromática (desde que seja tenra a parte usada). Por decocção ou cozimento: colocar a planta na água fria e levar a ferver. O tempo de fervura pode variar de 10 a 20 minutos, dependendo da consistência da parte da planta. Após o cozimento deixar em repouso de 10 a 15 minutos e coar em seguida. Este método é indicado quando se utilizam partes duras como cascas, raízes, sementes e frutos secos. Por maceração: colocar a planta, amassada ou picada, de molho em água fria, de 10 a 24 h, dependendo das partes utilizadas. Folhas, sementes e partes tenras ficam de 10 a 12 h. Talos, cascas e raízes duras, de 22 a 24 h. Após o tempo determinado, coa-se.
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LAMBEDOR
Coloque o açúcar e a água numa panela e aqueça até formar o mel. Depois coloque a parte do vegetal a ser utilizada e aqueça durante 3 a 6 minutos. Deixe em repouso cerca de 2 horas. Após esse tempo coar o lambedor. Por causa do açúcar, o lambedor pode fermentar com facilidade. Para evitar que isso aconteça, deve ser guardado em recipiente bem limpo, fechado, e de preferência em geladeira ou em local fresco. Usar no máximo este preparo por sete dias. O lambedor não deverá ser usado caso apareçam grumos brancos (mofo), sinal de coalho ou cheiro azedo.
USO ORAL (INTERNO) As preparações caseiras com plantas medicinais como chá, lambedor etc., devem, como todo medicamento, obedecer a dosagens corretas. Alguns utensílios domésticos podem auxiliar nessas medidas de preparações para uso oral (através da boca) como xícaras, copos e colheres.
MEDIDAS PRÁTICAS
1 copo de vidro comum (americano) ......................... 200 mL
1 xícara de chá (grande) .............................................. 150 mL
1 xícara de café (pequena)........................................... 50 mL
1 colher de sopa............................................................ 10 mL
1 colher de chá.............................................................. 50 gotas
1 colher de café.............................................................. 10 gotas
1 colher de sobremesa ................................................. 7,5 mL
As doses descritas devem ser ajustadas para crianças e idosos:
● Crianças de 3 a 7 anos de idade devem usar ¼ da dose recomendada;
● Crianças de 7 a 12 anos e pessoas acima de 70 anos devem usar metade da dose recomendada.
ATENÇÃO!
● Ingerir o chá medicinal no mesmo dia do preparo;
● Os chás medicinais não devem ser administrados durante a gestação, lactação ou para crianças sem a supervisão médica.
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Plantas medicinais no dia a dia com segurança
Além do uso caseiro, você sabia que existem produtos feitos com plantas medicinais que já foram estudados pela ciência e aprovados por órgãos regulamentadores de saúde? Isso significa que eles são seguros e eficazes. Um exemplo são os produtos da Água Rabelo, que carregam uma tradição de geração em geração e, ao mesmo tempo, passam por pesquisas e testes de qualidade antes de chegarem até você. Assim, a sabedoria das plantas brasileiras pode fazer parte da sua rotina de forma confiável e segura.
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Quais riscos o uso indevido de plantas medicinais pode causar?
Apesar de serem naturais, as plantas medicinais não estão livres de riscos. Algumas podem causar reações indesejadas, como alergias na pele, problemas digestivos, alterações no coração, no metabolismo, no sistema nervoso e até, em casos mais graves, levar ao óbito. Outro ponto importante é que certas plantas podem interferir no efeito de medicamentos. Um exemplo conhecido é a erva de São João (Hypericum perforatum L.), que pode reduzir a ação de medicamentos usados na medicina tradicional, como ciclosporina, sinvastatina, warfarina e digoxina. Isso acontece porque a planta acelera o metabolismo dessas substâncias no fígado, diminuindo sua eficácia.
Por isso, mesmo sendo naturais, plantas medicinais devem ser usadas com cautela. Sempre que possível, busque orientação médica ou farmacêutica antes de incluí-las no seu cuidado com a saúde.
Fontes:
Badke et al., 2011. PLANTAS MEDICINAIS: O SABER SUSTENTADO NA PRÁTICA DO COTIDIANO POPULAR. Esc Anna Nery (impr.); 15 (1):132-139.
França et al., 2008. Medicina popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais Medicina popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais. Rev Bras Enferm, Brasília 2008 Rev Bras Enferm, 61(2): 201-8.
Gomes, A.B. Farmácias Vivas. ed. Fortaleza, EUFC, 2020.
Rio Grande do Sul. Secretaria da Saúde. Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde , Departamento de Assistência Farmacêutica. Política Intersetorial de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Rio Grande do Sul. Cartilha das plantas medicinais da Política Intersetorial de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Rio Grande do Sul : Projeto APLPMFITO/RS / por Clarice Azevedo Machado; Cristiane Bernardes de Oliveira; Sílvia Beatriz Costa Czermaisnki. - Porto Alegre : ESP/SES/RS, 2021.